sábado, 3 de janeiro de 2009

Jijoca - Guriú - Tatajuba

´´ Para vencer a adversidade, só temos duas armas: a imaginação e a esperança que são irmãs gêmeas.´´

Depois de um bom descanso na pousada Gincoara de Jijoca, na qual pude compartilhar quatro dias com as mais simpáticas mulheres que administram a pousada, para não deixar de citar: sheila, myrlla e Gaia. Dias de contemplação com a natureza, de sentir que não estamos sós neste mundo. Catar manga, lavar as roupas, fazer bolo, ajeitar o fogão e brincar, ser feliz, pois esse é o melhor lugar do mundo, ser feliz. E a felicidade veio para todos com o término de um calendário, de ciclos, esperanças e prosperidades para o ano que se inicia, promessas são feitas e uma só consciencia coletiva, PAZ e nada mais. Então sejamos a paz, façamos a paz, pois ela começa em você, em mim. Respeitando e defendendo a natureza, o próximo, vivendo consciente desse mundo, humanizando-se, etc.


Meu fim de ano poderia ser melhor, mas jericoacoara compensou, o ultimo dia do ano e o primeiro dia do ano. Vários fógos colorindo o céu, chuva de cores, e que beleza, gênio é quem sabe fazer a felicidade do outro, isso sim é o que é ser gênio. Desde Jeri que nós não viajamos mais a sós, estamos com uma viola que fora emprestada pelo grande amigo saboia da faculdade, e agora é ela quem dá a melodia da viagem.



Reestabelecendo um ritmo de viagem para o corpo e a mente voltarem ao hábito de lidar com os imprevistos vou pedalando entre veredas de um litoral, passando por carroçais (estrada de terra), por lugares simples, casas coloridas de gente humilde e muita simpatia, basta dar uma palavra que a conversa vai longe. As vezes tenho dificuldades de entender o que esse povo diz, me parece que a dicção desses é travada, não sei, são apenas choques culturais, talvez para eles eu também sofra de algum mal...



Me admiro e fico contente por não ter pegue até agora um ´´bicho de pé´´, porque o tanto de areia em que pisei não é brincadeira, mas em compensação o tanto de ferida, pancada e cicatriz que me acompanham perde-se a conta.

Para chegar em Tatajuba tenho que entrar no mangue para enfim desembocar na praia e assim continuar a pedalada novamente na praia. Tudo muito simples, mas a força é tremenda, são subidinhas de areia fofa, atravessar córregos, tudo tem seu preço.

E esse foi o preço, uma janela com vista para o mar e um quintal, nada melhor, e ainda a lua crescente no céu prestes a faiscar, uma viola dando a canção, uma sopinha bem quentinha e claro, o som da natureza.
Não poder compartilhar esses momentos incríveis dessa viagem com as pessoas que amo é um tanto difícil, fico a imaginar como seria ... mas deixo o convite para outro tempo e vamos nós...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Itarema - Jijoca

Tenho tido vários imprevistos durante essa jornada, e é apenas o começo dela. Já esqueci camisa ao tomar banho, perdi ontem uma bermuda, a lanterna. Antes de ontem a barraca quebrou, desperdicei a granola; enfim, levo isso com uma calma que me surpreende, exercitar a paciência tem sido uma das atividades durante essa viagem. Acalmar os nervos e planejar como irá ser o outro dia, os outros momentos me faz pensar melhor e cuidar dessas minhas desatenções.


Parto de Itarema como quem parte dizendo adeus ao que esquenta, o sol está escaldante e mesmo com tanto vento que fez derrubar e quebrar as varetas da barraca, o mormaço é incrivel, bom para os gringos que vem de ´´ruma´´ fugindo do frio de sua terra e ficam tão vermelhos com o calor que chega a ser engraçado. Saio às 15 horas depois de um bom banho e de ter lavado minhas roupas, a coisa dificil é lavar roupa, dá uma dor fudida nas costas, mas é isso, quando voltar da cidade coloco na maquina de lavar e espero secar e esperar secar é o melhor, aqui com o calor e o vento as roupas secam rapidinho. Pedalar ontem foi algo tão irreal, florestas de carnaúbas me rodeavam, o asfalto não estava lá essas coisas, mas quase não passavam carros, e quando pasavam vinham como quem vê o ´´cão´´.


De início queria chegar em Cruz, cidadezinha com ar de serra, gramados na praça, igreja bonitinha, ar de natal ainda, passei reto, fiz carreira até Jijoca, pois o sol já estava dando seu adeus e não queria pedalar a noite. Jijoca é uma área de preservação ambiental, cidadezinha que antescede Jericoacoara, uma das praias mais visitas por turistas do Brasil, do mundo. Eu nunca estive lá pra ver o que passa, só conheço por fotos e mal, mas penso em passar o fim do ano lá. Para chegar em Jijoca não foi fácil, digo que não foi fácil não pelo caminho, mas pelo cansaço que tive que correr contra o tempo, pedalei conversando com o sol, grande astro que ilumina os caminhos, o meu foi até 5:50.


Como ontem foi domingo, os bares estavam cheios, o forró truando e muita gente passando de moto, a moto é um dos transportes mais utilizados dessas localidades, são adolescentes, mulheres e homens que fazem uso; fácil ver 3 pessoas em uma moto, é objeto de desejo por eles. Ao escurecer, parei em uma bodega que estava fechada para descançar e aproveitar pra preparar uma das mais saborosas receitas da culinaria indígena, tapioca, mas a minha foi tapioca misturada com granola e azeite, de fato, deu vontade de comer mais, porém a goma tinha acabado, o jeito foi tomar um banho, arrumar as coisas, pegar a lanterna e seguir na estrada. Faltavam 4kms para chegar e a escuridão da estrada me deu medo, medo de não sei o que, mas cantei, cantei pras estrelas, pro meu caminho, para a natureza, e que beleza. Na entrada de Jijoca perguntei a um guia que passara de moto onde poderia armar uma barraca em um canto tranquilo, e ele me mandou ir para a pousada Gincoara que chegando lá dissesse que era amigo do guia Andeilson (acho que é esse o nome), pois não deu outra.

A pousada é muito agradável, possuindo várias árvores e um espaço amplo de estadia.

No mais, sinto saudade de todos, me fortaleço com essa saudade e com a força de quem está participando do projeto. Até breve, desejando a felicidade para todos e que venha o outro ano, 2009.