terça-feira, 13 de janeiro de 2009

São Luis / Alcântara - MA


Chego em São Luís exaurido pela chuva, pela BR, muitas subidas, pista danificada, carreteiros em alta velocidade, enfim, sou puro cansaço. Confesso que me espantei, claro, depois de vir em uma viagem tranquila, ora pela praia, ora por vias estaduais, caio logo em uma BR em fim de férias. Era fim de tarde quando encontrei-me diante daquele movimento todo de qualquer cidade, por dizer: carros, barulho, poluição de todo lado, sujeira, ignorância, egoismo e outras coisas mais.

Utilizando do artifício de ´´universiotário´´ fui tratar de passar a noite na Estadual ( UEMA ), e lembrando do velho ditado que diz: ´´ Quem tem boca váia Roma´´ fui atrás de saber no departamento de assuntos estudantis se poderia acampar por lá, sempre falando do projeto e do Fórum. Não havia ninguém responsavel pelos assuntos estudantis, depois de alguns vais e vens, conheço uma moçada do DCE que então me recepcionam ao ilustre Reitor da UEMA para que eu pudesse receber a ordem de que realmente poderia passar a noite na faculdade. Pernoito na faculdade, curtindo um pouco de reggae da galera, conhecendo-os e conhecendo o que se passa na cidade. No outro dia fico informando que o almoço é de graça no RU e logo dei graças.
Comendo mariola, resolvo me banhar e logo começar meu ritual para seguir ao centro histórico. ´´São demais os perigos dessa vida´´ como diria o poeta e camarada Vinícius de ´´tantas morais´´. Cidade Grande tem gente que dorme com um olho aberto e o outro fechado, e são demais esses perigos e gatunos. Pois bem, vim bater na Rua Formosa onde me hospedei na pousada Alcantaria quase ao lado do jornal pequeno, onde logo tentei fazer alguns contatos com a redação do tal jornal, mas todos malogrados.
E na cidade dos azulejos o que não falta são eles, de todo jeito, pra todo gosto, um mais esmerado do que o outro. E também não faltam histórias por aqui. Ah se esses azulejos falassem, se esses sobrados, ruínas de casarões, ladeiras, paredes falassem nos contariam toda a história, nua e crua. E há história de canto à canto aqui, algumas ladeiras me falaram do sofrimento para que elas fossem feitas, falaram do sofrimentos dos negros ao subirem as ladeiras com pedras, usando das coxas para fazer a telha ( e vem dai a expressão feito nas coxas), nos malfazejos dos capatazes, falaram também da malandragem do povo, dos crimes e castigos do império, das injúrias e fofocas das donzelas da corte. A arquitetura do centro histórico em particular é muito rica, digo rica pela sua estética, pelos detalhes, pelo trabalho artesanal das portas, ferrolhos e outros objetos.
Se hospedaram na pousada dois camaradas de Florianópolis que estam viajando de carona para o Fórum. No café da manhã trocamos umas idéias bacanas sobre rota de viagem, de onde viemos, para onde vamos, enfim rapaziada gente boa. Pois disso, desses caminhos cruzados, o meu caminho mudou, pois vou a Alcantâra conhecer e viver mais um pouco de história do Brasil.

Pego a embarcação tendo dificuldades para aportar a Esperança em seu devido local, depois disso só alegria, sentei perto da proa desfrutando a paisagem vendo São Luis ficar distante e olhando sempre ao mar, o desejando, e vi um golfinho, vida de baixo d´agua. Chego em Alcantâra já está noite, a vontade é de tomar aquela gelada e me resolver como irei passar a noite, ando um pouco por outras ladeiras, essas agora bem mais rústicas. Não sei bem sobre a real história de Alcantâra, pelo que escutei parece que a cidade servia como proteção da baia. O que encontrei foram ruínas de sobrados, outras construções gigantescas para a época feitas de pedra, óleo de baleia e outras substâncias para dar liga. Vi vários canhões, sentinelas, palácio do governo, visitei o museu de uma família importante para aquele tempo, enfim, passeio turistico e tirei fotos também.

A baia é linda, um visual deslumbrante, dá vontade de botar no bolso e tirar depois pra vocês.

Depois de almoçar em Alcantâra pego a estrada e venho me embora para Pinheiro. Comendo manga no meio do caminho, conversando com as pessoas, recebendo ao longe um agrado gestual de uma familia venho bater em Pinheiro.

´´Quando se tá longe um pequeno gesto vira muito´´ . Amo vocêS! : ) ..